Da China, com amor

Há dias almoçava com amigos e falou-se da China. Nos dias que correm, devido à “desgraçada da crise” que tem umas costas larguíssimas, aqui para nós, o dinheiro tornou-se de facto uma prioridade em quase todas as casas e famílias do mundo. “É preciso pagar contas”, oiço vezes sem conta. Realmente, essa coisa da fé e da espiritualidade (que muitos não sabem significar despertar) não paga contas, nem enche barrigas!

Sob este pretexto, quase todos os meios são justificados... e até parecem ter uma lógica válida.

Dizia eu, que há dias falou-se da China. Eu mantive-me bastante silenciosa, durante grande parte da acalorada discussão gerada, o que não me é assim tão comum, mas com um olhar expectante. Tinha sido a primeira frase da discussão que me tinha cortado o pio.

Um amigo que viaja muito para a China, que lá tem negócios, trabalho, que se inscreveu na faculdade lá, para aprender mandarim, não só a língua, como história e costumes, tradições e pensamentos, e que se encontra rendido ao poder económico, dimensão, e organização da China, abriu as “hostilidades” da seguinte forma: Grande parte daquilo que se diz sobre a China, revela profunda ignorância, muito é falso, e desconhecedor da realidade chinesa. Face a isto, mantive-me o mais calada que pude... de facto, da China sei muito pouco, e sempre me interessou mais a perspectiva da China antes de 1422/23, do que a posterior... A China aberta de então, era de facto de uma admirável grandeza, com um potencial cultural, humano, e filosófico extraordinário... depois, tudo se tornou fechado, baço, e de que poucos podem falar com conhecimento de causa.

Inegavelmente, quem procura a China por razões de trabalho, para ganhar dinheiro, é capaz de se deslumbrar: dizia este amigo, que numa aldeia a 150km de Pequim, onde esteve a estudar perguntavam quantos habitantes tem Portugal... quase 10 milhões... aquela aldeia tem 20 milhões.... e é pequena! Agora punhamos isto na perspectiva de mercado: é só crescer! Além disso, defendia ele, obviamente, que não pode deixar de haver ditadura, por uma questão de paz social: são não-sei-quantos biliões, não há forma de se governar tanto milhão senão for desta maneira, para que tudo aquilo pareça uma máquina oleada! Trabalham 24 sobre 24 horas... marcam reuniões à meia-noite, se preciso for, fazem tai-chi nos jardins, fazem 3 refeições equilibradas por dia, em que jantam às 5 da tarde, e depois continuam a trabalhar, usam muito pouco açucar ou sal, praticamente não consomem produtos lácteos porque os consideram tóxicos... e por aí adiante.

Pois foi no açucar ou sal que me indignei! Que raio de vida é essa, sem açucar nem sal?

Onde trabalham mais do que vivem, onde os valores humanos, são totalmente desvalorizados, onde o conceito de família, com calor, não aparece, onde somos mandados porque somos muitos, e onde a censura se justifica a pretexto de paz social... concordo que não é preciso dizer/saber tudo, mas daí a pôr o regime ditatorial nos píncaros, justificando os meios, vai uma distância abissal!

Nem de propósito dou pouco depois com esta notícia:

Lisboa, 25 ago 2011 (Ecclesia) – A diocese católica de Tianshui, no noroeste da China, está neste momento sem administrador, depois das autoridades policiais terem detido o padre John Baptist Ruohan, em conjunto com dezenas de sacerdotes e leigos.A actuação das forças de segurança, que levou ao cancelamento do retiro anual da comunidade cristã de Tianshui, previsto para esta quarta-feira, pode ter acrescentado um novo capítulo ao diferendo que opõe o Estado chinês ao Vaticano, vai para 60 anos.
Desde 1951, dois anos depois da revolução cultural que instaurou o governo comunista, que Pequim não tem qualquer tipo de relação diplomática com a Santa Sé, por não aceitar ingerências externas nas decisões de âmbito religioso no país.

A 28 ago 2011 o Papa Bento XVI afirma que a vida humana não pode ser pautada apenas por critérios de “sucesso” e bem-estar económico, prescindindo da presença de Deus.
“Quando a realização da própria vida é orientada somente pelo sucesso social, pelo bem-estar físico e económico, já não se raciocina segundo Deus, mas segundo os homens”, alertou o Papa, falando aos peregrinos católicos. E continuou: “o cristão segue o Senhor quando aceita com amor a própria cruz, que aos olhos do mundo parece apenas uma derrota e uma ‘perda da vida’, sabendo que não a leva sozinho, mas com Jesus, partilhando o seu caminho de doação”.
O Papa afirmou ainda que o “desejo mais profundo de cada pessoa” é a “alegria eterna”, a “felicidade eterna” que só Deus pode dar, apelando a uma “oração regular e confiante”.

Posto isto, dei por mim a pensar: o que é que eu tenho a ver com a China?

Mas Ele disse-lhes:
«Tenho de anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus
também às outras cidades,
pois para isso é que fui enviado.» Lc 4, 44

Assembleia Regional

Foi ontem, no Rodízio.

Esgotámos a lotação da sala, rezámos, planeámos, debatemos e agradecemos.

Agora, aí está o novo ano CVX com muito trabalho e muitas mãos e corações para construir caminhos com Jesus ao Seu encontro e ao encontro dos seus.