Não sei o que te peço…

“Durante a noite, o Senhor apareceu em sonhos a Salomão e disse-lhe: «Pede-Me o que quiseres». Salomão responde:Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder....

... vou satisfazer o teu desejo. Dou-te um coração sábio e esclarecido, como nunca houve antes de ti nem haverá depois de ti.”

“Se Deus escreve certo por linhas tortas e a vida não é uma linha recta”, a forma como hoje vi o cruzamento das Leituras com o Salmo e o Evangelho, pareceu-me uma recta secante de doçura, na aridez das nossas vidas não lineares...
É tão desconcertante saber que Jesus diz a quem descobre o tesouro para o esconder novamente, por não o podermos ainda possuir plenamente, que quase me indigna... mas depois, na humildade de Salomão, descobrimos um caminho sobre o que vender e o que procurar no silêncio de dentro, desde dentro....
Inclinei-me então junto de Ti, Senhor, e como Salomão, não sabia o que te pedir...
Não te sabia pedir senão um coração que te saiba procurar,
capaz de perseverar,
um coração ignorante de cansaço,
um coração pujante de fidelidade,
um coração pequeno para a arrogância,
um coração cheio de tolerância,
um coração fraco de certezas,
um coração forte de dúvidas que te buscam,
um coração leal,
um coração transparente.
Porque não me é pedido que governe nenhum povo,
apenas os meus destinos pequenos,
mas a inquietude deste coração que te procura,
crê na saciedade do nosso encontro.
E que esse seja o nosso maior tesouro.

Só Deus sacia, e fá-lo infinitamente. É por isso que só podemos repousar em Deus, como disse Santo Agostinho: «Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração anda inquieto até que repouse em Ti»

«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido”
Mt 13, 44