Junto ao mar…

Faço uma caminhada junto ao mar ou à foz do rio pela manhã.

Felizmente são raros os dias em que o sol não brilha e consumo essa luz para recarregar baterias.

Usualmente fazia-o de óculos escuros, porque é cedo e os meus olhos não se habituaram  ainda à claridade.

Reparei, que, ultimamente, tenho deixado os óculos escuros para trás. Começou por ser inconsciente, mas acabou por se tornar voluntário, propositado.

Parto, e vou... vou contra o sol, ofuscada pela luz da madrugada... com o diminuir dos dias a luz vai ficando mais suave e a transição é menos agressiva... mas até agora, ia contra o sol, ofuscada: abro e fecho os olhos, entreabro e semicerro, como quem busca a luz, mas receia a sua intensidade... como quem reza e pede a Deus... pede por mais Deus na vida, sem que se aperceba que também isso tem um preço a pagar: há vezes em que a intensidade é um excesso, em que coração e alma parecem não aguentar o peso dessa Presença. E ainda assim continuo... continuamos...

Volto, com o sol pelas costas. Já reconciliada com a intensidade, e agora com a luz como companhia, iluminando tudo o que me rodeia.

Com calma, apercebo-me de novas presenças, de novos contornos, todos os dias diferentes... desfruto de cada um em que reparo, consoante a luz me guia.

E, então, agradeço, a Sua presença na minha vida.

“Vem comigo” Mt 9, 9